Em meus 20 anos estudando politica e dez deles participando de eleições, nunca vi uma eleição tão antecipada como a de 2022. Parece que 2021 vem passando muito rápido para sair do meio, em um cenário em que os nomes e as pautas já estão pulsando forte, em uma intensidade que geralmente se alcança lá pelo quinto ou sexto mês do ano da eleição.
A pandemia e suas consequências diretas e indiretas (aumento dos preços, desemprego e etc.) juntam-se às pautas pré-pandemia que há muito vem sendo empurradas com a barriga como problemas na estrutura e atendimento de saúde, apagões energéticos e outros que, infelizmente, conhecemos bem.
Enquanto isso os democratas de gabinete (aqueles que imaginam um país que não existe sequer nas pesquisas de opinião) continuam a elaborar medidas, leis, projetos, debater assuntos e formular políticas públicas que não vem atendendo as necessidades de curto, médio e longo prazo na sociedade, que dirá as urgentes.
E preste bem atenção, esse tipo de político (a) encontra-se nos três poderes, eles não querem entender (ou simplesmente não conseguem) que a forma de fazer politica mudou, o comportamento do cidadão/eleitor mudou, há mais acesso à informação, há mais criticidade e vontade de entender e participar dos assuntos públicos, seja por que dói na consciência ou no bolso.
Mas o despertar político é sempre válido.
A eleição de 2022 vem sendo antecipada como uma espécie de tábua de salvação. Mas salvação para quem? É óbvio que não há grandes feitos no governo atual, mas, eu pelo menos, não esperava muita mudança depois de quase as duas primeiras décadas do século terem sido tão turbulentas política e economicamente.
Mas essa mudança provavelmente também não venha em 2022, não se continuarmos esperando um salvador, um herói, um messias ou qualquer figura metafísica que materialize nossa cidadania e uma democracia de qualidade.
Afinal, já dizia Einstein: ” a definição de loucura é fazer sempre a mesma coisa esperando resultados diferentes”.
Estamos votando sempre nos mesmos perfis e nas mesmas pessoas, geralmente sem resultados muito diferentes. Já estamos fazendo isso a tempo demais, é insanidade…está na hora de cobrar novas posturas e de assumir também novas posturas. Está na hora de usar o poder da informação, aprender, entender, dialogar e construir.
Temos que eleger representantes e não deuses ou reis.
Os protestos de 2013 fizeram escola e, quase dez anos depois, os cidadãos finalmente entenderam que tem direito à voz, que a opinião pública pode ser formada com suas vozes também, que é preciso dizer “o que” quer e não apenas “quem quer” (ou quem não quer).
A pandemia nos permitiu também enxergar essas questões com uma grande lupa. Quem realmente se preocupou com a sociedade? Quem só quis se autopromover? Quem quis se livrar de condutas inadequadas? Quem quis ludibriar a opinião pública?
Tem informação suficiente para todos os gostos e preferências políticas.
E você, vai fazer o que com os 360 dias que ainda faltam? Contar os dias enquanto repete frases de efeito ou realmente vai prestar atenção?