IMAGEM; DIVULGAÇÃO
Quem está por aqui há algum tempo sabe que eu sempre falo sobre confiança política e institucional e da sua importância para a estabilidade democrática, mas se você está chegando agora deixa eu te fazer um apanhado rápido.
Com base em estudos em série histórica sobre confiança política nas últimas décadas na América Latina e no Brasil, o Latinobarómetro tem registrado níveis baixíssimos de confiança institucional no Brasil, pouco mais de 20% em média. Essa baixa confiança está concentrada principalmente no Congresso (Câmara e Senado), nos partidos políticos e nos ocupantes dos cargos executivos, que constituem os principais expoentes do sistema representativo do qual é composto nossa democracia.
Essa baixa confiança que se estende ao longo dos anos acaba por passar de uma escala nominal para a institucional, ou seja, não é senador X ou presidente Y, é o Senado e a Presidência da República, culminando nas infelizmente já conhecidas frases “nenhum político presta”, “esse Congresso não vale nada”, etc.
Eis que os escândalos de corrupção que vieram à público nas últimas duas décadas acabaram por justificar a contaminação da opinião pública sobre o comportamento negativo que os integrantes dessas instituições têm demonstrado e, por consequência, as próprias instituições.
Passada a primeira fase do escândalo, onde tudo veio à público, enfrentamos a segunda onda onde os envolvidos se posicionam, se entregam ou se defendem e na sequência a fase punitiva. Essas fases não são necessariamente lineares no tempo e nos deparamos com elas três há alguns anos, com especial destaque a partir de 2014. Agora temos uma quarta fase, que não tem nada a ver com a descrita na Teoria Social do Escândalo de John B. Thompson, que fala da recomendação e/ou adoção de medidas que visem combater novos escândalos. Na nossa experiência “à brasileira” parece que estamos entrando na fase em que se apaga a história e as autoridades agem como se o escândalo nunca tivesse acontecido.
As constantes revisões de “opiniões” (sim, entendimento é o termo jurídico usual, mas os ministros parecem se decidir mais com o peso de opiniões) sobre a legislação e a conduta das autoridades envolvidas na investigação e punição dos autores dos escândalos (e crimes) instaura um clima de desconfiança duplo. Desconfiança na postura da instância superior de Justiça e desconfiança na capacidade punitiva aos crimes de corrupção. De ambos os lados, os cidadãos não sabem o que pensar, confiam na justiça? Confiam naqueles que dizem fazer justiça e zelar por ela? Afinal, quem está sendo injustiçado nisso tudo?
É fato que os que foram denunciados tem culpa, por ação ou omissão, em maior ou menor grau. É muito desrespeito com a inteligência do povo dizer que os parlamentares, executivos, dirigentes partidários e presidentes da República envolvidos em tais escândalos foram “vítimas” de uma conspiração. E se foram, por que tal conspiração foi tão longe?
O julgamento sobre a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro não levanta a suspeição apenas sobre ele, acaba por manchar toda uma sequência de instâncias judiciais públicas que chega até o Supremo Tribunal Federal e ninguém vai sair ileso disso, muito menos a democracia.
O quanto antes entendermos que não se trata de ministro X, juiz Y ou presidente Z, mais cedo poderemos cobrar a verdadeira justiça.
Com base em estudos em série histórica sobre confiança política nas últimas décadas na América Latina e no Brasil, o Latinobarómetro tem registrado níveis baixíssimos de confiança institucional no Brasil, pouco mais de 20% em média. Essa baixa confiança está concentrada principalmente no Congresso (Câmara e Senado), nos partidos políticos e nos ocupantes dos cargos executivos, que constituem os principais expoentes do sistema representativo do qual é composto nossa democracia.
Essa baixa confiança que se estende ao longo dos anos acaba por passar de uma escala nominal para a institucional, ou seja, não é senador X ou presidente Y, é o Senado e a Presidência da República, culminando nas infelizmente já conhecidas frases “nenhum político presta”, “esse Congresso não vale nada”, etc.
Eis que os escândalos de corrupção que vieram à público nas últimas duas décadas acabaram por justificar a contaminação da opinião pública sobre o comportamento negativo que os integrantes dessas instituições têm demonstrado e, por consequência, as próprias instituições.
Passada a primeira fase do escândalo, onde tudo veio à público, enfrentamos a segunda onda onde os envolvidos se posicionam, se entregam ou se defendem e na sequência a fase punitiva. Essas fases não são necessariamente lineares no tempo e nos deparamos com elas três há alguns anos, com especial destaque a partir de 2014. Agora temos uma quarta fase, que não tem nada a ver com a descrita na Teoria Social do Escândalo de John B. Thompson, que fala da recomendação e/ou adoção de medidas que visem combater novos escândalos. Na nossa experiência “à brasileira” parece que estamos entrando na fase em que se apaga a história e as autoridades agem como se o escândalo nunca tivesse acontecido.
As constantes revisões de “opiniões” (sim, entendimento é o termo jurídico usual, mas os ministros parecem se decidir mais com o peso de opiniões) sobre a legislação e a conduta das autoridades envolvidas na investigação e punição dos autores dos escândalos (e crimes) instaura um clima de desconfiança duplo. Desconfiança na postura da instância superior de Justiça e desconfiança na capacidade punitiva aos crimes de corrupção. De ambos os lados, os cidadãos não sabem o que pensar, confiam na justiça? Confiam naqueles que dizem fazer justiça e zelar por ela? Afinal, quem está sendo injustiçado nisso tudo?
É fato que os que foram denunciados tem culpa, por ação ou omissão, em maior ou menor grau. É muito desrespeito com a inteligência do povo dizer que os parlamentares, executivos, dirigentes partidários e presidentes da República envolvidos em tais escândalos foram “vítimas” de uma conspiração. E se foram, por que tal conspiração foi tão longe?
O julgamento sobre a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro não levanta a suspeição apenas sobre ele, acaba por manchar toda uma sequência de instâncias judiciais públicas que chega até o Supremo Tribunal Federal e ninguém vai sair ileso disso, muito menos a democracia.
O quanto antes entendermos que não se trata de ministro X, juiz Y ou presidente Z, mais cedo poderemos cobrar a verdadeira justiça.