Alunos escrevem mais de 400 cartas inspirados em projeto de professora sobre as obras de Conceição Evaristo

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Camile Bacin não se conteve após conhecer o trabalho de Conceição Evaristo. Decidiu compartilhar com os alunos. O resultado disso? Um projeto que aproximou estudantes de escola pública da literatura

Tem professores que marcam a história dos alunos pela competência de ensinar. Conseguem algo que às vezes parece difícil para quem leciona: a atenção. O desafio é maior quando se lida com adolescentes. No entanto, quando esses professores falam, a turma fica em silêncio e, logo em seguida, interage.

A professora de Literatura da Escola Aloysio Barros Leal, Camile Bacin, é dessas docentes que encanta e que inspira. Uma prova disso é o projeto “Vozes Mulheres: uma leitura da obra de Conceição Evaristo”, apresentado nesta quinta-feira (22), na XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará.

O bate-papo aconteceu na Arena Multicultural Juvenal Galeno logo no início da tarde às 14h. O espaço estava cheio de estudantes da Escola Aloysio Barros Leal de turmas do segundo e terceiro ano do Ensino Médio. Todos com o orgulho do trabalho de Bacin. Ela conseguiu aproximar os estudantes do bairro Barroso, em Fortaleza, da literatura por meio das obras de Conceição Evaristo.

Ao conhecer as obras da escritora brasileira, uma das convidadas da Bienal deste ano e conhecida por falar sobre a mulher negra, Camile decidiu compartilhar a descoberta com os alunos. “Eu fiquei pensando: quero apresentar aos meus alunos do Ensino Médio e quero que eles pensem sobre. A gente precisa trabalhar literatura feita por mulheres negras”, ressaltou.

Foi assim que aconteceu. Os livros de Conceição passaram a ser estudados pelos alunos de Bacin. Na escola, eles apresentaram as obras da escritora para outros estudantes como trabalho escolar. No fim de todo esse processo, escreveram cartas para a escritora brasileira. O resultado foi surpreendente. A professora recebeu 400 cartas que trazem relatos emocionantes sobre a identificação da literatura de Conceição com a realidade que viviam.

“O projeto ultrapassou os muros da escola, a partir do momento que os meus alunos que não liam passaram a ler e a pedir emprestado os livros para as mães lerem”, diz com orgulho. As 400 cartas escritas dentro do projeto vão ser entregues para escritora Conceição Evaristo durante sua passagem pela XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará neste sábado (24). Logo depois, os relatos vão ser reunidos e transformados em um livro. “O meu coração está aos pulos pelo envolvimento real dos alunos com o projeto. Eles falam de Conceição com intimidade. Isso para um professor de literatura não tem dinheiro que pague”, conclui.

Sobre a Bienal
A XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará é apresentada pelo Ministério da Cidadania e pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. Realizada pelo Instituto Dragão do Mar, Governo do Estado do Ceará, por meio da Secult, e Governo Federal, a Bienal do Livro conta com os patrocínios de Bradesco, Cagece, Grendene e Cegás, e com os apoios de Fecomércio, Sebrae, Universidade de Fortaleza (Unifor), Unilab, TV Ceará, Sistema Verdes Mares, Grupo O Povo, Café Santa Clara, RPS Eventos, Câmara Cearense do Livro, Sindilivros-CE, Câmara Brasileira do Livro (CBL), Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), Associação Nacional de Livrarias (ANL), Prefeitura de Fortaleza e das Secretarias de Educação (Seduc), Turismo (Setur), Cidades (SCidades) e Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará (Secitece).

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