Comum x normal

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Existe uma diferença básica entre o comum e o normal, mas ultimamente temos usado essas palavrinhas como sinônimos e isso tem sido bastante nocivo, em especial na política.

Você sabe a diferença?

De forma simplificada e direta, comum é algo que ocorre com frequência, centenas ou milhares de vezes, é o habitual em sociedade ou comunidade (podendo ser algo ruim ou bom). Normal nos dá a ideia de algo que está conforme a regras, as convenções e leis da sociedade.

Politicamente falando, a postura que temos observado em nossos representantes é normal ou comum? Um (a) representante político (a) e/ou gestor (a) público (a) “desviar” recursos em momentos de crise, é normal ou é comum? Um (a) candidato (a) lançar mão da prática de compra de votos é normal ou é comum? Grosserias e até violência física em reuniões políticas ou sessões de debate político são normais ou só comuns?

Comportamentos desviantes que se perpetuaram ao longo do tempo em nossa prática política, alcançaram o status de “comum” por ocorrerem repetidamente e terem se tornado um (mau) hábito. Ainda assim, não são e nem podem ser considerados “normais”, visto que não fazem parte das regras e não constituem um comportamento socialmente aceitável.

Nem sempre o que é comum, ou seja, acontece com frequência, pode ser considerado normal. Cada um dos exemplos citados pode ser até comum, mas não é normal e muitas situações como essa acabam gerando um conformismo, tanto entre os que exercem as atividades políticas quanto entre os cidadãos.

É o que chamamos de grau de tolerância social e ela se desdobra em algumas outras com tolerância à corrupção, tolerância ao escândalo. Um certo grau de tolerância é considerado normal, pois uma sociedade e a atividade política dentro dela é composta e exercida por seres humanos, com suas qualidades e defeitos, mas ao passo que esse grau vai ficando cada vez mais “elástico” e acomodando comportamentos reprováveis e destoantes do agir político em razão de sua frequência, vemos uma sociedade adoecer (ou já adoecida).

Muitas vezes por preguiça de buscar informação, ou mesmo pela crença errônea de que não temos poder ou habilidade de mudar a situação, acabamos aceitando um fato comum (mas que não deveria acontecer) como um fato normal e em um momento em que é alardeado um “novo normal” é importante pensarmos sobre o que temos considerado normal no comportamento político dos nossos representantes e no nosso, enquanto cidadãos.

Algumas atitudes que estão frequentemente presentes no cenário político não podem anestesiar a nossa consciência a ponto de considerarmos normal “porque todo mundo faz” ou porque “a maioria das pessoas pensam assim”, tampouco pode ser entendido como “parte da política”. Não se pode confundir o frequente com o certo!

Sempre é tempo de abrir os olhos, revisar nossos comportamentos e os comportamentos sociais, sempre há uma chance de aprender e refletir. Tal qual fazemos com as crianças, é preciso sempre vigiar e corrigir os rumos da nossa sociedade a partir de nossos representantes e das instituições de que fazem parte!

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