Imagem: Divulgação
Dragão do Mar celebra Dia Mundial da Fotografia com conversa ao vivo com o multiartista Luiz Santos
Fazendo um paralelo com o mito grego de Teseu, o fotógrafo e retratista traz reflexões sobre as mudanças no fazer fotográfico e apresenta trabalho experimental que desenvolveu ao longo do período de isolamento social.
Em alusão ao Dia Mundial da Fotografia, celebrado no dia 19 de agosto, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, por meio do Museu da Cultura Cearense (MCC), convidou o fotógrafo, retratista, educador e artista visual Luiz Santos para abrir seu estúdio e apresentar o processo de desenvolvimento do trabalho autoral que vem ao longo do período de isolamento social. Numa conversa ao vivo, no canal do Dragão do Mar (www.youtube.com/dragaodomarcentro), nesta quarta-feira (19), às 19h, o multiartista falará sobre “A Fotografia e o Labirinto de Teseu”. A partir do mito grego de Teseu, o convidado falará sobre os caminhos da fotografia, desde o lambe-lambe à fotografia de smartphone, entre o retrato-imagem e o retrato-escuta, entre o retrato-pensamento e o retrato-corpo. Quem recebe o convidado para o bate-papo é Ícaro Souza, coordenador do Núcleo Educativo do MCC.
A live convida o público a fazer uma série reflexões sobre a fotografia na contemporaneidade, bem como a conhecer o processo criativo que o artista desenvolveu em casa, durante a quarentena. O bate-papo reservará surpresas que convidam o público a interagir.
Sobre o convidado:
Luiz Santos (Pernambucano de Recife e radicado no Ceará. Retratista fotográfico e artista visual; atua como educador para o olhar e entende que as diversas linguagens criativas integradas proporcionam melhor expressão para a arte na atualidade. Autor de livros, coordenador de projetos culturais, editor e pesquisador. Há mais de 25 anos realiza trabalhos com arte e educação, em parceria com a Saúde Mental, e é ganhador de dois prêmios nacionais por projetos seus nesta área. Dedica-se ao audiovisual e em seus projetos mais recentes está presente o forte interesse por documentários em que predominam diálogos com entrevistados. É ensaísta fotográfico e, com o trabalho Corpo e Presença, traduz a sua inquietação com relação à produção artística contemporânea, uma vez que mistura o fazer retratístico com a arte da escuta, assunto que o vem mobilizando há algum tempo);
A FOTO COMPACTADA – DO LANÇAR-SE CURIOSO – DA ESCUTA E DA AÇÃO PELO CORPO – DA ESCUTA, ANTES QUE OS OLHOS INUNDEM (Texto de Luiz Santos)
“A câmera lambe-lambe faz parte daquilo que podemos chamar de “despojos da modernidade”. Não deu tempo de explorar. Caiu nas mãos de práticos, gente pobre das periferias urbanas do capitalismo e dos “interiores” e logo sumiu do interesse de artistas “contemporâneos”. Dos novos retratistas lambe-lambe que existem no Brasil e mundo afora, talvez eu seja o que desenvolve um trabalho mais experimental.
Antes de existir um jogo de cena, há uma cena decorrente de um jogo, que é a escuta mútua. O retrato em lambe-lambe, ao invés de ser gerado por uma sucessão de tentativas, resume-se a único tiro, tiro este que nem sempre “acerta”, mas que as partes (retratada e retratista) tratam de se acertarem numa aceitação que envolve o acordo de que o retrato é um ato que diz respeito à dupla, é uma decorrência do encontro desacelerado e do diálogo reflexivo, para o qual aumentou-se o tempo de exposição ao ato de fazer o retrato; aumentou-se o tempo de elaboração da cena do jogo. Está implícito o esforço em acolher o retrato gerado, quase como se fosse um ser vivo. Retratista, que entrou com seu esteio visual, e retratada, que entra com o corpo físico, pós-pactuam, então. A geração de imagem tornou-se limitada, já que aqui é condensada num exemplar único, mas que não é definitivo. Está mais para cinema. Pede uma sequência que é preenchida não por novas imagens, mas por um desejo contemporâneo de transformação, que interage lançando mão de toda a sua carga de conhecimento acumulado. O objetivo não é a obtenção da beleza clássica, que satisfaça a vaidade da parte criadora retratista ou a da parte que almeja uma representação redentora.
Lambe-lambe não nasceu e existiu para fotografar dentro de casa. Quando eu decidi iniciar o ensaio, foi como se o artefato fosse reinventado. Ademais, eu fotografo à distância – um contrassenso, já que lambe-lambe é fotografia de rua, fotografia de contato, demorada, de encontro na rua, no espaço público, espaço este perdido por conta do medo da violência.”
O Projeto Conexões Museu
Conexões Museu é um projeto do Museu da Cultura Cearense criado em 2019 para ser um espaço de reflexão e trocas de estudos, saberes, pesquisas, práticas e experiências que contextualizam e ressignificam o campo museológico contemporâneo.
Serviço: LIVE [ProjetoConexões Museu] A Fotografia e o Labirinto de Teseu
Horário: 19h
Transmissão aberta: canal do Dragão do Mar no YouTube (www.youtube.com/dragaodomarcentro)
Classificação etária: Livre
Acesso Gratuito