Por que ter uma boa imagem política?

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Vivemos na sociedade imagética e estamos mais do que acostumados (e até saturados) a usar as imagens como forma de diálogo rápido (vide emojis e memes), mas você já parou para pensar como essas imagens modelam nossa compreensão da realidade? Certamente elas mudaram nossa forma de comunicação e hoje interagimos e compreendemos uns aos outros com base em imagens e símbolos, numa espécie de versão futurista dos hieróglifos da antiguidade e somos obrigados a prestar bastante atenção na imagem pessoal que exibimos em todos os âmbitos de nossa vida pois, tal como as mensagens de texto e vídeo, seremos analisados pela imagem e os símbolos que carregamos.

E é claro que a política não poderia fugir dessa lógica, já que é uma atividade essencialmente humana e, como eu sempre digo, “está em todas as coisas”. Em se tratando de poder, nos tempos antigos, ele era identificado com as instituições e com as ideias, era algo abstrato como o poder da Igreja, o poder da monarquia, o poder dos impérios, um poder baseado em códigos e leis e, por isso, raramente o povo conhecia essas pessoas, certas vezes sequer sabia seu nome, referência era a posição de poder. Sendo assim, o poder era bastante simbólico, mas impessoal.

À medida que a democracia foi avançando, o poder passa a ter uma fisionomia, a do dirigente que o exerce. Para que uma pessoa fosse eleita era necessário se apresentar aos cidadãos, revelar suas características físicas e psicológicas  e assim o poder se humaniza e adquire vida. Nos dias atuais, um homem ou uma mulher que personifica o poder, personifica seu grupo, vira um símbolo dele e o representa de uma forma visível. A personificação do poder diz respeito à psicologia coletiva, aos sentimentos e atitudes que se referem àquele personagem, àquela pessoa que simboliza o poder da nação, do grupo, do partido, da comunidade e que pode ser localizada e identificada por todos.

Sendo assim, o homem político ou a mulher política precisa imprimir uma imagem que possa captar a atenção dos cidadãos e futuros eleitores, essa imagem é uma seleção de seus traços e características pessoais, uma reprodução o mais fiel possível de si mesmo e de si mesma. A face pública! Some-se a isso a visibilidade possibilitada pelos meios de comunicação, que retoma a proximidade entre representantes e representados, que agora não se baseia mais somente na proximidade geográfica, mas uma proximidade virtual possibilitada por telas e ondas em uma linguagem baseada em imagens.

Essa mudança inaugurou uma fase chamada “democracia de audiência”, termo usado pelo cientista político americano Bernard Manin para designar a fase onde o exercício do poder e da representação política está centrado na pessoa que se candidata e, portanto, na imagem projetada através dos meios de comunicação de massa. Essa mediação faz com que as preferências dos eleitores se alterem segundo o contexto político, econômico e social que marca o período eleitoral, seja em sua cidade, seja no mundo, mas também é levada em consideração a reputação pública e performance eleitoral e midiática do candidato ou da candidata (em muitos casos é o que mais se sobressai).

Se você é candidata ou candidato, a sua imagem é usada para expressar sua história, sua personalidade e sua liderança de forma consistente, com o objetivo de gerar uma conexão genuína e duradoura com seus possíveis eleitores, por isso deve ser bem feita e o mais real possível. A sua imagem política e sua comunicação são elementos fundamentais do seu POSICIONAMENTO de campanha. Mas não é posicionamento político, como opinião sobre temas específicos, é posicionamento como conceito de marketing, que é o conjunto de ações que você vai desempenhar para ocupar um lugar privilegiado na mente e no coração de seus eleitores, é como você vai se diferenciar.

Se você é eleitor, sugiro que comece a prestar mais atenção à imagem das candidatas e candidatos que se apresentam, e não estou falando (apenas) de roupas, falos de comportamento, discurso, modo como se relaciona, traços de personalidade dentre outros detalhes. Veja se existe coerência entre o que a pessoa diz e fez, se se comporta de acordo com o que defende ou propõe. Faz toda a diferença analisar isso, pois se ele ou ela falseiam sua própria imagem, certamente não servem para lhe representar.

Pense nisso!

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