Uma das mais importantes lideranças sociais e políticas cearense, Preto Zezé lança seu segundo livro, agora pela Editora Cene, onde conta sua trajetória na Comunidade das Quadras, seus desafios e conquistas como presidente da Central Única das Favelas (Cufa). O evento acontece no dia 3 de julho, 18h, na Livraria Cultura, na avenida Dom Luís, em Fortaleza
De capacidade empreendedora singular, liderança e ativista natural e personalidade forte. Preto Zezé, como ele mesmo diz, é o mediador de realidades distintas e distantes, a juventude negra, pobre e marginalizada espalhada em todo o Brasil e, muitas vezes, escondida no cotidiano do preconceito.
No dia 3 de julho, às 18h, na Livraria Cultura na avenida Dom Luís, Preto Zezé apresenta seu livro “Das Quadras Para o Mundo” (Editora Cene, 192págs, R$ 39,90), onde apresenta em crônicas sua trajetória vivida na comunidade das Quadras, na Aldeota e seu trabalho à frente Cufa. Com prefácio de Celso Athayde, Ceo da Favela Holding e Fundador da Cufa, o evento de lançamento contará, ainda, com sessão de autógrafos e bate-papo com convidados e o secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Ceará Élcio Batista.
No prefácio, o leitor já poderá ter um pequeno aperitivo do tamanho e alcance do trabalho desenvolvido por Preto Zezé no Ceará e o Brasil. Segundo Celso Athayde, já no primeiro momento em que teve contato com o autor, começa a nascer o sonho de criar uma instituição de favelas.
“Num primeiro contato, recrutei, cooptei e apresentei ao Zezé uma realidade e um olhar diferenciado; contei minha história de vida, que também é parecida com a dele, apresentei-lhe o MV Bill, que se preparava para ser um dos maiores ativistas sociais do país. Preto Zezé era o meu maior e mais qualificado crítico, mas com o tempo percebeu que tínhamos mais semelhanças do que divergências e partiu para cima para somar nossos pontos em comum. Apesar de um olhar sempre crítico sobre a realidade que nos cerca, Zezé está sempre procurando construir pontes. Com certeza essa é sua maior característica”, escreve Athayde.
Atualmente, Preto Zezé é um dos representantes da Cufa Global, uma articulação internacional que liga dezessete países com sede das Nações Unidas – ONU.
Preto Zezé
Preto Zezé, 44 anos, nasceu em Fortaleza, entre as ruas de terra da favela das Quadras e o asfalto da Aldeota. Filho de pais retirantes do interior, mãe doméstica e pai pintor da construção civil, é o mais velho de uma família de cinco irmãos.
Seu primeiro projeto de empreendedor foi ser lavador de carros nas ruas da cidade; formou-se na cultura dos bailes funks e da pichação. Em 90 iniciou seu ativismo social na cultura Hip Hop, em particular na música rap. Criou o Movimento Cultura de Rua, como uma rede de jovens das favelas que atuavam pelos direitos civis nas favelas, através de ações culturais e sociais.
Produtor artístico e musical, lançou sete discos, sendo um deles premiado como revelação Norte e Nordeste no maior prêmio de Hip Hop do país, o Prêmio Hutuz.
Idealizou o Programa Se Liga, na TV Verdes Mares: O som do Hip Hop em parceria com a Universidade Federal do Ceará – UFC. Como produtor cultural, realiza diversas ações e projetos culturais como forma de construir uma agenda positiva nas favelas.
Preto Zezé é autor do livro Selva de Pedra: A Fortaleza Noiada, uma pesquisa oriunda do Documentário Falcão – Meninos do Tráfico, de Celso Athayde e MV Bill, onde é relatado o circuito do crack e os seus danos sociais.
Em 2004, foi coordenador estadual da Cufa CEARÁ e em 2014 torna-se presidente nacional da entidade. Foi blogueiro do site G1 e repórter do quadro Vida Real – Talentos da Comunidade, da TV Verdes Mares (afiliada da Rede Globo – Ceará).
Atualmente, está na presidência internacional da CUFA GLOBAL com sede em Nova Iorque; é empresário e consultor de projetos para empresas e governos na área do desenvolvimento socioeconômico.
Trechos do livro
“Ser ignorado é a pior coisa do mundo; impor a invisibilidade para alguém é violência pura, e essa violência é daquelas que quase sempre não conseguimos nos defender, porque, diferente da violência física, a gente não vê concretamente e logo não consegue criar mecanismos de proteção. É como escrever sem borracha ou nunca ter comido de garfo e faca e chegar num restaurante cheio de requintes de elegância, onde você tem que seguir um enredo que nunca foi ensinado. Esse é o rascunho espinhoso do mundo do homem branco do asfalto.”
“A invisibilidade é um local não existente fisicamente. Ela é um sistema de diminuição e dominação que controla as emoções, inibe sua ousadia e te faz menor que todos. Como você não se sente capaz, é impossível de você ter uma atitude proativa. Te imobiliza e aí, fisicamente, você some.”
“Minha luta diária é poder inspirar você para fazer a sua caminhada, para ter estímulo no seu objetivo e construir uma vida melhor para você e para os seus.”
“Não deixe a vergonha, a soberba e arrogância te consumirem. Por outro lado, seja ousado ao comemorar suas conquistas e se não puder ser o bom o tempo inteiro, procure sempre ser justo. As palavras provocam boas emoções, mas os exemplos arrastam e mudam o mundo.”
“Não permitam que ideias negativas te ganhem, nem que façam do seu sofrimento justificativa, da sua tragédia palanque e da revolta munição; você é melhor que isso e pode mais.”
Serviço:
Bate-papo e lançamento do livro “Das Quadras Para o Mundo” – Preto Zezé
Quarta-feira, 3 de julho
Horário: 18h
Local: Livraria Cultura, Avenida Dom Luís, 1010, Aldeota
www.editoracene.com.br