“Que país é esse?”… já perguntava Renato Russo há décadas. E mais uma vez os encontramos em um cenário político onde a pergunta é, além de pertinente, necessária.
Em meio a uma pandemia que se arrasta há mais de um ano, com crise sanitária, econômica, instabilidade política devido a uma “gestão” desastrosa dos governos (no plural sim, pois vai desde o governo federal se estendendo a vários governos estaduais e municipais) e, mais uma vez temos que nos deparar com a instabilidade jurídica.
As razões para a anulação das condenações do ex-presidente Lula encontram justificativas variadas em termos jurídicos, mas não se pode deixar de questionar se o momento não é oportuno, se não se trata de uma manobra política com respaldo jurídico. Infelizmente estamos em um momento de desconstrução, instabilidade e desconfiança em níveis estratosféricos e esse pensamento não tem como ser sufocado.
O questionamento sobre a competência da justiça de Curitiba para o julgamento dos crimes não tem como ser visto de forma puramente técnica, pois passaram-se anos e diversas instâncias jurídicas confirmaram os trâmites. O que parece é que, os integrantes da alta cúpula do poder judiciário, que não foram eleitos por voto popular, não devem satisfação ao povo, não devem estar em sintonia com o movimento da sociedade no combate à corrupção e acabam por jogar por terra os sonhos de punição dos desvios de comportamento de certos políticos.
Uma coisa é certa, o ex-presidente Lula tem culpa, seja por ação ou omissão, pois ninguém fica na posição que ele tinha (no governo e no partido), enquanto um grande esquema de subversão da lógica do poder ocorre, com total desconhecimento de alguns fatos (para não dizer todos). Restava à justiça determinar qual a sua responsabilidade nos fatos e submetê-lo à devida punição.
O bem que foi feito em suas gestões não anula o mal, muito pelo contrário. Não o torna intocável, não deveria torná-lo impune nem tampouco avalizar sua tentativa de volta ao poder. Mas essa possibilidade quem julga é o povo, por meio de voto (caso ele possa se candidatar novamente)
Mas, esse novo episódio nos faz refletir: O Brasil seria então “terra de ninguém”?